O novo longa-metragem da diretora e roteirista paulista Lina Chamie já chegou no Festival do Rio 2013 com um prêmio na bagagem. Os Amigos ganhou como melhor montagem no Festival de Gramado em agosto deste ano e agora compete na Première Brasil, assim como em 2007 com seu ótimo A Via Láctea (exibido em Cannes e filme vencedor no Festival de San Sebastián), em longas de ficção.
Misturando drama, romance e uma pitada de humor, o filme narra uma história de perda e, ao mesmo tempo, de busca. Théo (Marco Ricca), arquiteto de meia-idade, vai se deslocar durante um dia por São Paulo buscando algo de novo para si que o renove e faça-o superar a recente perda de um amigo - mais que - querido.
A obra de Homero permeia o longa inteiro através da montagem paralela que, além de narrar o presente e passado de Théo, mostra crianças encenando partes da poesia épica Odisseia. A trajetória do protagonista, até certo ponto, também pode ser comparado com a de Ulisses. Théo, ao mesmo tempo que está de luto, tenta enxergar algo de diferente em sua vida, assim Majú (Dira Paes), uma amiga de longa data, é uma das personagens que o ajuda a se reencontrar.
Usando o adjetivo da própria Lina o filme é, de fato, doce. Realizado com a melhor das intenções, tentando juntar vários elementos, Os Amigos, infelizmente, peca pelo excesso. As metáforas vão se somando e tornando o longa cada vez mais didático e desinteressante. O ponto alto do filme, certamente, é quando Théo discute com um engenheiro sobre a reestruturação do espaço de uma escola. Enquanto o engenheiro quer fechar, subir paredes e divisórias, limitar e disciplinar ainda mais o espaço, Théo vai de encontro, propondo um lugar aberto e livre. Essas pequenas discussões com grandes temas e as próprias atuações fazem com que Os Amigos mereça ser visto.
Cobertura do Festival do Rio 2013.
0 comentários:
Postar um comentário