Os Donos (Los Dueños, 2013)
Selecionado para a Semana da Crítica no Festival de Cannes 2013, onde recebeu uma menção honrosa, Os Donos, longa-metragem dirigido e roteirizado pelos estreantes Agustín Toscano e Ezequiel Radusky, é uma dramédia que conta um episódio na vida de uma família rica argentina em sua fazenda interiorana.
Pia (Rosario Blefari) acabara de chegar na fazenda. Perdida, observa a tudo e a todos. Sua irmã Lourdes (Cynthia Avellaneda) é esposa de Gabriel (Daniel Elías), o administrador do local, que por sua vez é subordinado de Héctor, o pai das duas mulheres e dono das terras. Nessa fazenda mora os empregados que cuidam do lugar - são três: o jovem filho Sérgio (Sergio Prina), o pai Rubén (Germán de Silva, do ótimo Las Acácias) e a mãe Alicia (Liliana Juarez).
O filme vai explorar principalmente a relação patrão-empregado. Pia, afinal a protagonista, parece desencantada do mundo. Tenta buscar algum tipo de prazer a todo custo (seja na cocaína, seja na transgressão de trair seu marido, Manuel, com o esposo de sua irmã). Enquanto eles saem da fazenda, temporariamente os empregados fazem uso do casarão. Comem da comida "boa", sentam no sofá "bom", assistem TV e tudo. Se há esse fato por um lado, por outro vemos o tipo de relação burguesa decadente que ainda perdura - não só, mas principalmente - entre as famílias com muito dinheiro. Pia no final do filme inverte: veste a roupa dos empregados e os empregados vestem as roupas dos donos. Pia quer viver outro tipo de relação, já cansou desse batido arroz com feijão (ou seria arroz com caviar?).
A crítica é sutil e leve - talvez pela opção dos diretores em apostar mais na comédia do que no drama. Fato é que a comédia ainda sofre preconceitos, mas certamente é um dos melhores caminhos para se enxergar a verdade dos fatos. Eles erram a mão no tom? O drama colocaria mais energia e força na crítica? Pode ser, mas aqui nada é muito subjetivo, basta querer ver.
Cobertura do Festival do Rio 2013.
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