Eu quero intimidade.
A Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos (SBBC) e seus integrantes realizaram no último dia 11 uma homenagem a Eduardo Coutinho, o maior documentarista que o Brasil já teve. Inovador e um exímio dominador da linguagem cinematográfica, foi homenageado com uma filmografia comentada na página oficial da Sociedade. Eu, recente integrante, colaborei com um excerto sobre o filme O Fim e o Princípio (2005), um de seus melhores, dentro de uma filmografia excepcional na qual é impossível eleger apenas uma obra-prima.
Eduardo Coutinho sabemos era um gênio. Daqueles que não precisava de muito para fazer um bom filme. Uma JVC portátil de mão e um ajudante. Pronto: Coutinho já poderia fazer sua mágica. Não precisava de roteiro. Chegava na locação de filmagem e já fazia o que tinha que fazer. E fazia bem. Coutinho é daqueles que não poderia ser outra coisa a não ser Coutinho. Ninguém fazia ou faz por ele, pois ninguém tem a essência Coutinho. Claro que seus feitos servirão de ensinamentos para outros, mas da maneira como ele fazia não mais.
Saber de sua morte naquele fatídico 2 de fevereiro foi impactante. Nunca antes na história da minha vida pude presenciar tamanha tristeza em mim frente a uma tragédia envolvendo entidades do cinema. E foi incrível, pois naquele mesmo dia era anunciada o falecimento também de Philip Seymour Hoffman - talvez o melhor ator de sua geração até este ano. Uma perda lastimável para o cinema, assim como Coutinho. Saber que Hoffman poderia ter feito mais trabalhos grandiosos à la O Mestre (The Master, 2012), de Paul Thomas Anderson, ou até mesmo se superar e apresentar algum outro trabalho magnífico, me deixa muito frustrado. Entretanto, naquele fatídico dia, só Coutinho habitava minha cabeça. Lembro de não acreditar na noticia quando vi pelo portal R7 na internet. Corri para a televisão em busca de canais de notícias 24 horas, mas nada. A angústia para saber se era verdade a notícia me corroeu por alguns minutos. E então, quando foi confirmada a morte por vários outros veículos de comunicação, uma onda avassaladora tomou conta de mim. Chorei, chorei e chorei.
A ânsia de saber que poderíamos por mais alguns anos ter mais Coutinho na tela de cinema me frusta. Eu, eu mesmo, que havia tido contato muito próximo com ele na última Mostra Internacional de Cinema - a qual, inclusive, o homenageou - estava com o coração partido. Não sou parente nem algo parecido para ter tristeza maior, mas o sentimento que tive foi tão forte que era como se eu tivesse sentido o sofrimento do Cinema naquele instante.
O tempo passa e logo vi muitas mostras em sua homenagem e pessoas se movimentando tentando espalhar para outros seus filmes e suas ideias. Hoje percebo que a tristeza já foi embora e que no lugar dela está a felicidade. Sim, a felicidade na sua forma mais plena. A plenitude de Coutinho sobreviveu a este mundo e está em seus filmes. Está em nós. Coutinho estará sempre vivo em nossos dias.
Eduardo Coutinho, PRESENTE!
segunda-feira, 19 de maio de 2014
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