sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O Verão de Giacomo (L'estate di Giacomo, 2011)

Documentário com uma aparência de um drama ficcional, ou por que não um docudrama, O Verão de Giacomo aparenta no primeiro ato ser uma aventura com certa ação. Porém não é uma aventura ou uma ação convencional. Tudo é contemplativo e nostálgico. Alessandro Comodin, diretor e roteirista, estreou na direção com um curta-metragem (Jagdfieber, 2008) exibido na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes. Agora em seu segundo projeto arriscou fazer um longa-metragem muito pessoal que vai além da objetividade.

As personagens desse documentário são extremamente reais. Giacomo Zulian é um garoto surdo de 19 anos, recém submetido a uma cirurgia de implante para experimentar o som pela primeira vez. É interessante que o diretor inicia com um plano-sequência que mostra Giacomo tocando desvairadamente uma bateria e enquadra a orelha dele onde está o aparelho. É bem sutil e subjetivo. Numa entrevista, Alessandro diz que sua ideia inicial era gravar a metamorfose de Giacomo mas não conseguiu material suficiente. Assim o filme se tornou uma documentação ambientada no decorrer de um verão na cidade no nordeste da Itália onde Giacomo e sua amiga Stefania Comodin (irmã mais nova de Alessandro) se aventuram.

Às margens do rio Tagliamento, região de San Vito al Tagliamento (lugar no qual o diretor nasceu), se passa a maior parte do longa. A priori pode parecer não existir um roteiro bem elaborado ou cheio de detalhes. São dois jovens que curtem o sol, o rio, o mato e um bom piquenique. A relação deles não nos é esclarecida e fica ao gosto de nossa percepção. Mas a química entre os dois é evidente, brincadeiras sucedem-se sempre cercadas de inocência e sensualidade. Giacomo está reaprendendo as coisas naturais da vida, agora com os novos sons, e Stefania é sua guia.

A câmera hand-held, que dá mais liberdade de movimentação ao diretor, foi precisa pois permite tanto um close-up como planos de longa distância perfeitos. Merecido o Leopardo de Ouro no Festival de Locarno do ano passado.

"Felicidade está em pequenas coisas", diz Stefania a Giacomo, no terceiro ato do filme, num diálogo fantástico que carrega a identidade máxima do docudrama. Resumindo, O Verão de Giacomo no fundo é um trabalho sensorial que ataca nossos sentidos e emoções. Uma reflexão minimalista que nos faz ficar satisfeito quando entram os créditos finais.

- Filme visto no Festival INDIE 2012 em São Paulo, exibido no CineSESC e Cine Olido.

Um comentário:

  1. como fazer um filme igual:

    1 pegue um menino e uma menina que não sabem interpretar
    2 coloque eles brincando de jogar lama no outro as margens de um rio
    3 grave com seu celular (de preferencia, que a camera não grave com bom audio e boa imagem)

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